Elmano Santos – “Verdades e mentiras”

Em todos os setores da sociedade há competentes e incompetentes, honestos e desonestos. Há na política, na medicina, no direito, no desporto… E na arbitragem também.

Que os incompetentes devem ser afastados e os desonestos punidos, estaremos todos de acordo. Inclusive os árbitros. Se há desonestos que sejam afastados. Mas não tomemos a parte pelo todo. Quando um árbitro é incompetente, comete erros graves e fica sem arbitrar algum tempo, deixando de ser remunerado, estará a ser premiado? Não arbitra! Não recebe! Já os jogadores, mesmo não sendo convocados, continuam a receber o seu salário (quando recebem…). Se um árbitro comete erros graves de forma repetida, pode ser despromovido no final da época. Outros agentes, incapazes de assumir os seus erros de gestão, perpetuam-se nos lugares. Que os árbitros possam estar sujeitos à crítica, como qualquer cidadão, também concordamos, desde que essas críticas se cinjam à sua competência e não à sua honra e dignidade. Também é correto que os árbitros devam estar preparados para lidar com a pressão. Não têm é que estar sujeitos à violência física e moral, sendo e vendo os seus familiares ameaçados. A crítica e a pressão têm limites. Que os árbitros devam ser conhecidos com antecedência, que expliquem alguns lances, que haja transparência nos relatórios e nas avaliações, também é verdade… desde que a sociedade desportiva estivesse preparada para conhecer, analisar e respeitar o trabalho dos juízes. E não está! Assim, mais vale discrição. O que não significa menor transparência.

PS: Será sério prometer remunerações aos árbitros quando não se tem dinheiro, causando-lhes falsas expetativas? Será competência, à custa do poder que se tem na avaliação e evolução da carreira de um árbitro, obriga-lo a desempenhar a sua função, resolvendo problemas pontuais, esquecendo que, daqui por algum tempo, poderá não haver elementos suficientes para cobrir a sua competição? Terá apetência para ser árbitro, aquele que se deixa influenciar pelos que têm o poder, em busca de uma progressão mais rápida na carreira?

 

Fonte: ATARAM 04/12